Era assim que o meu bisavô a chamava. Uma terra onde tudo brotava, e que continua a crescer, onde as sementes rebentam quase sem se perceber. Tudo o que plantamos nasce com amor, com ternura, e com muito sabor. Tomates coração de boi, azeitonas, beringelas, pimentos e cebolas, batatas, pepinos e courgetes, feijão verde, e abóboras tão grandes como as da história da Cinderela. E depois as amoras, as laranjas, limas e limões, os figos pingo de mel, os pêssegos e as pêras, os marmelos, as maçãs, as uvas e as romãs. E aquele cheirinho único, a fruta e a legumes acabados de colher. Quando penso em produtos biológicos, sei que mais biológico do que estes, impossível! Trouxemos um carregamento deles que só visto. Ontem passei a noite a fazer compota de figo, doce de pêra-maçã e litros de limonada. Sumos naturais de chorar por mais. Gaspacho de tomate (ok ok, isso já foi o Pai S.)!) e lemon curd, tudo com muito amor. Tudo isto daquela imensa Terra das Delícias. E depois aquela água gelada saída da mina, que nos dá calafrios cada vez que entramos na piscina, mas que nos devolve o cabelo sedoso e a pele macia de como quando éramos crianças.
Mas aquilo que eu mais gosto, e aquilo com que mais sonho nas noites frias do Inverno, é com aquela figueira pingo de mel. Muitas vezes dou por mim a correr para a Rituals e tentar encontrar os incensos "Under a fig tree", que retratam aquela sensação quase na perfeição. Porque não há cheiro melhor do que o que se sente à sombra de uma figueira. À sombra daquela figueira. É um ritual que fazemos todos os Setembros, sem excepção, é de facto, uma tradição.
E passear pelas vinhas, a apanhar uvas para petiscar? Até o M. já o faz sem hesitar! Os meus filhos já tomaram o gosto por esta época das vindimas, tão fenomenal, e o S. ontem fartou-se de perguntar quando é que voltávamos àquela terra especial.
A verdade é que, noutra vida, devo ter nascido no século XIX, porque aquelas mesas antigas de ferro por debaixo da vinha, em tardes quentes de Verão, fazem-me lembrar os Maias (tanto gostei de (re)ler!). É um estado de espírito que me aquece a alma e o coração.
De vez em quando temos que os deixar ser crianças, e de vez em quando uma brincadeira com toneladas de pó e sujidade não faz mal a ninguém, pelo contrário, ficaram felizes! |
Quem tiver oportunidade, não deixe de passar pelo Douro nesta época das vindimas. É, realmente, uma época única, num sítio de apaixonar até os mais resistentes a estas matérias do coração.
E, agora, vou acabar as minhas receitas de amora e limão, de tomate e manjericão, com a promessa de que um dia vou postar todos os truques que aprendi com quem sabe, quando falamos de preservar os alimentos para o Inverno que se avizinha. Sinto-me uma autêntica "Canning housewife", em modo vintage.
Adorei saber que na altura também se usavam matchy-matchy entre Mães&Filhas! Ah! E via perfeitamente o S. aqui comigo na cozinha. Como os tempos mudaram! |
Pssst: Até lá, deixo um truque/ideia bem gira que ainda podemos aproveitar nestes dias de calor! Quando tiverem muitos limões, espremam-nos todos e coloquem o respectivo sumo nas couvetes de gelo lá de casa. Assim, quando quiserem fazer uma limonada bem fresquinha, basta encherem uma caneca de água bem gelada e juntarem o gelo feito do sumo de limão. Para as bimbólicas, como eu, podem triturar o gelo na bimby e juntar água gelada (e talvez um pouco de açúcar amarelo). Fica D-E-L-I-C-I-O-S-O! Experimentem!
Giro a valer. Cá em casa os miudos também conhecem as vindimas, mais ao centro, é certo mas com muito pó, o trator, calor e muita alegria! O mais velho dos rapazes, adora ir com o avô, andar de trato até acabar o dia. A roupa volta impecável, mas só porque a minha querida sogra só devolve depois de tudo "aux point"! o barro nas calças, o pó nos punhos e nos colarinhos é a última prova de dias muito bem passadas!
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