Faz hoje 30 anos que nasceu o meu único irmão. Confesso que me está a meter mais impressão ouvir isto do que propriamente quando foi a minha vez, já lá vão dois anos e meio. Para mim, o meu irmão será sempre pequenino, quase como um filho.
Recordo-me de alguns episódios da nossa vida, tais como as 14 vezes que rachou a cabeça, às quais eu sempre assisti (até aconteceu no mesmo dia ir parar duas vezes ao hospital), ou o dia em que tentou subir para uma bicicleta com rodinhas, apesar de só ter 2 anos, e de ter acabado no Hospital de Viana com uma veia na cabeça que simplesmente rompeu, ou até o fim de tarde em que ficou com um dedo entalado numa porta, em que eu tive de pegar no próprio do dedo, caído no chão, e levá-lo numa lancheira com gelo para o hospital...São acontecimentos marcantes na vida do meu mano que se me cravaram na memória, e ficaram guardados a 7 chaves.
Mas lembro-me também do dia em que aprendeu a nadar à cão, ou até da tarde em que, na praia de Moledo, com o seu jeito e a sua graça, fez um amigo para a vida só por causa das braçadeiras do He-man. Lembro-me da adoração que tinha por este boneco horrendo, e da noite em que, depois de prometer que largava a chupeta se os Pais lhe dessem o castelo do Skeletor, ter vindo chorar para a minha cama, pois afinal tinha medo do brinquedo novo e queria era a Bá (diga-se, chupeta!). Lembro-me das discussões que tínhamos quando eu queria que brincasse comigo aos póneis e era obrigada a brincar aos playmobils (e ainda bem!). Lembro-me quando brincávamos aos índios e cowboys e o Pipas acabava sempre de queixo na chão, pois eu obrigava-o a ser o cavalo e desfazia-o sempre em cócegas (que má!!!) Lembro-me da primeira vez que nos falou da namorada, agora minha cunhada, madrinha do M., de quem eu tanto gosto. Lembro-me do dia em que desistiu do curso de Direito (pois teve negativa a Mundividência Cristã!), com muita pena nossa, ou do ar feliz com que nos recebeu, nos 50 anos do meu Pai, quando fomos ter com o Pipas a Roma. Lembro-me de o ver chorar no dia do meu casamento (para meu grande espanto, pois achei que estaria aliviado por a chata da mana mais velha ter saído de casa!!) Lembro-me da sensação mista de perda/felicidade que tive no dia do seu casamento. E vou guardar para sempre a feliz notícia que recebi esta semana, quando o Sebastião me diz, mal chego de Barcelona:
- "Mãe, sabe uma coisa? O Titi tem um bebé na barriga!!" - ia morrendo de susto, nem queria acreditar! E na verdade queria ter sido o Pipas a contar...
Pois é, vou ser tia/madrinha e estou mesmo muito feliz com esta nova sensação de descendência, de continuidade. Que bom que é ver a família a crescer! Vai ser um bebé muito mimado pelos primos, tios, avós, não só pelos Pais! Bem-vindo new baby, estamos todos à sua espera! E parabéns aos pais babados, por nos darem mais um motivo para ser feliz!
Quero que saibas, Pipas, que apesar de ser uma grande chata e de muitas vezes ter a mania que sou tua Mãe, não sou, como tu dizes, de outra geração (what??), e quero acompanhar-te pela vida fora, a par e passo, com muita cumplicidade, e com toda a amizade, tal como a Mãe e o Pai nos ensinaram. Mas não vou entrar em lamechices, que sei que tu odeias...
Parabéns Pipas, e obrigada por gostares dos meus filhos como se fossem teus. Obrigada por teres pedido de presente de anos um empréstimo dos putos para os levares ao Sea Life, sem os Pais por perto. Parabéns por já teres tido a ousadia de trocar o certo pelo incerto. E que continues sempre assim, com essa tua vivacidade, garra, coragem, teimosia boa (a má podes deixar nos teus 20 anos), amor eterno à família e aos amigos, generosidade, espontaneidade. Que continues sempre assim, por mais 300 anos, com esse teu sentido de humor tão apurado, com esse ar desenrascado, e com esse teu jeito desleixado, mas que nunca se desleixou perante aquilo que é mais importante: agarrar as oportunidades que a vida te dá.
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