Os miúdos foram para a quinta. A casa está outra vez vazia. De alma e coração. Sinto um vazio até mais não. Mas ao mesmo tempo pergunto: O que é que eu fazia ao tempo antes de ser Mãe? É que de repente, as horas de almoço ficaram mais produtivas, os fins de tarde mais espaçados e os serões mais longos. Morro de saudades dos meus minis, mas tenho tempo só para mim e para o Sebastião.
Sei que eles estão bem, estão bem melhores que eu ou até bem mais felizes se ficassem no Porto. Lá, acordam ao som do galo-cantor, tomam o pequeno-almoço com as galinhas, andam sempre ao seu redor, nadam com os patinhos, dão de comer aos peixinhos, cantam com os passarinhos. Lá, comem tomates à dentada, frango do campo, e correm atrás dos pintainhos acabados de nascer. Cheiram ervas aromáticas, colhem camélias de todas as cores, experimentam ameixas de vários sabores. Porque a vida é bem mais leve se for ao ar livre!
Ainda me lembro de ser eu a ir para a quinta e da sensação única que é pisar descalça as uvas das vindimas, ir buscar os ovos ainda mornos à capoeira, pegar nos coelhinhos pelas orelhas. Ainda me lembro do peso dos cestos de verga cheios de fruta madura, de colar pétalas de camélias na cara, de arrancar couves da horta, e de ver a água preta do banho ao fim do dia. E apesar de ser pequenina, lembro-me de me sentir livre, de ter sempre vontade de rir. Por isso, e por muito que me custe, deixo os meus filhos ir, para que vivam em pleno o ar do campo.
Por isso tento ultrapassar o eterno dilema de liberdade/ansiedade. Tento não pensar o que será se à noite caírem abaixo da cama, se chorarem pela Mãe, se acharem que os abandonei. Não, eles estão bem., por isso, há-que aproveitar. Há-que sair de casa, ir ao yoga, apostar no jogging, perder-me nas compras, ir ao cinema, jantar fora, preparar uma surpresa, tudo sem hora. Há-que dormir, dormir muito, tomar o pequeno-almoço sem pressa, secar o cabelo, pôr um bocadinho de blush, apostar num baton mais que tal (sim, nunca consigo fazer isso!!).
Sou Mãe Galinha assumida, já aqui o disse várias vezes, mas também é bom viver ao sabor das ondas. Porque os miúdos embarcaram num barco à vela (com uma grande âncora), e logo, logo, irão voltar para junto da terra, do seu porto seguro, do seu farol saudoso, que aproveitou essa grande viagem para fazer uma pausa nas longas noites de nevoeiro e nos dias compridos de tempestade, porque afinal o mar está calmo, não há vento na costa, o sol brilha. Tudo está bem.
E por aí, Maisenas? Os vossos filhos também costumam ir de férias com os Bis(Avós)? Também brincam lá fora? Também colhem flores do jardim? Também plantam sementes? Também jogam à macaca, saltam à corda, brincam às escondidinhas? Não se esqueçam que esta é, sem dúvida, a melhor época do ano para se viver ao ar livre (ainda que seja longe dos Pais...)
Sim a minha foi com os avós na segunda feira passada. Tem sido um silêncio tão estranho.
ResponderEliminarOntem dei por mim a colocar o pratinho dela na mesa. O final de dia sabe bem, mas estranha-se o silêncio e o tempo para tudo. Esta angústia tem de ser ultrapassada pois sem dúvida é um previlégio para ela gozar os avós que tanto amor, disponibilidade e agilidade têm para ela. Custa muito, mas temos de ultrapassar. Beijs Ana