Hoje o meu Pai faz anos. 59. Tinha 25, quase 26 quando eu nasci. Já foram mais os anos que passou comigo a seu lado do que não. Engraçado pensar que quando eu era pequenina o meu Pai parecia enorme e, no fundo, ainda era quase uma criança. E tanto que me ensinou!
Ensinou-me que o mais importante nesta vida é ser feliz, no matter what. Ensinou-me que é preciso lutar para sermos alguém. Que as coisas não caem do céu. E que a sorte não é só um acaso. Ensinou-me o que é a preservança, a resistência, a esperança. Do meu Pai herdei o mau feito, e o mau humor matinal (como é que é possível agora o Manel ser igual?) Herdei alguma frieza de espírito mas um coração de manteiga, ainda que nem sempre se deixe mostrar. Herdei a panca das cociguinhas, a vontade incessante de roer as unhas, o sinal da família no braço, tão marcante (que a minha Avó também tinha). Herdei o cabelo preto e fino (ainda que com os anos, o meu tenha clareado), os olhos cor de azeitona e o nariz de índio. Do meu Pai também trouxe as mãos da minha Avó, que tanto me orgulham. O gosto pela escrita veio do meu Pai, ainda que escreva bem melhor do que eu. Do meu Pai trouxe ainda a veia da advocacia, a café-mania, as idas ansiosas às Antas e ao Dragão (se bem que, desde que fui Mãe nunca mais consegui ir...), e o prazer de um bom copo de vinho. A tara pela música e pelo cinema francês também vieram de quem me fez.
O que mais queria era poder deixar todo este legado aos meus filhos. Um cunho meu impregnado em cada um deles, sem excepção. Gostaria de lhes poder deixar todo o meu coração, tal como os meus Pais fizeram comigo.
Hoje é o dia do meu Pai. Dia de S. Sebastião, coincidência ou não. É um dia feliz, onde me lembro, mais do que nunca, que tenho de ser uma boa aprendiz para levar comigo pela vida todos estes seus ensinamentos tão preciosos. Parabéns Pai, e obrigada por me ter ensinado pequenas grandes coisas que tornam todos os minutos da minha vida mais valiosos.
Tão pequenina, no Zoo de Lisboa, mas já com o chapéu do nosso FCP (do meu Pai, diga-se!) |
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