Parabéns querida Avó, hoje é o seu dia. E apesar de tudo, ainda o continua a ser. Há 3 anos estávamos nós, felizes da vida, a bufar as velas do seu bolo dos 80. Quem diria que seria o último. Estava tão bem-disposta, tão de bem com a vida. O destino é mesmo uma ironia. Uma armadilha daquelas.
Para nós, nunca foi velhinha. Nunca o será. Para nós, continua a ser a Branquinha com o seu cabelo loiro, a cheirar a laca chique, com as suas unhas impecavelmente arranjadas e o seu perfume tão nosso, tão de todos. Para nós, continua a faltar o burburinho confuso e barulhento dos seus almoços, especialmente neste dia, onde nos esperava sempre o melhor bolo de chocolate e chantilly do mundo... o mais enjoativo também, mas que bem que nos sabia. Para nós, continuam a existir cinzeiros com cigarros meios fumados e cheios de baton rouge, tão típicos seus, tão da nossa Avó. Para nós, o piri-piri brasileiro à mesa nunca irá faltar (daquele que nos punha todos a fraquejar), ainda que esteja tão só e apenas no nosso imaginário. Para nós, continua a ser ouvida a música que tantas vezes tocava e nos ensinava ao piano, daquela cidade maravilhosa, cheia de encantos mil. Para nós, continua a faltar as impaciências engraçadas com a Fátima, que tão sua amiga foi nos seus últimos dias de vida. Para nós, continua a faltar a matriarca a quem dar a feliz notícia que em pouco mais de 2 anos ganhou mais 3 bisnetos, todos eles rapazes. E já são 5. Já dava para uma equipa de futebol de salão. Para nós, vai continuar a haver gelatinas de todas as cores e sabores, e uma Avó a encher-nos o prato de açúcar e amores, para nos adoçar a vida. Para nós, cedo demais partiu, porque as Avós não têm idade, deviam ficar connosco para toda a eternidade. Para nós, vai continuar a ser a nossa querida e adorada Avó, infinita como a Via Láctea, que tanta, mas tanta falta nos faz.
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