quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Introspecção

Aos 34 anos sou uma mulher completa. Duas profissões e meia que me preenchem (em todos os sentidos), três filhos perfeitos, um marido cúmplice e companheiro, bons amigos, família unida de coração. Lembro-me como se fosse hoje do dia em que os meus Pais fizeram 34. Tinha eu 8 ou 9 anos. E pensava já ter uns Pais "crescidos", que eram o nosso ninho, o nosso porto seguro. Agora que cheguei a esta idade, e apesar de toda esta responsabilidade, continuo a sentir-me uma miúda. Ainda me lembro do padrão floral do meu vestido preferido, que usava naquela idade. Tenho na cabeça o fato-de-banho que nunca largava, com uns frutos tropicais amarelos, que me enchiam de vaidade. E nisto passaram-se 25 anos. A sério? Assusta-me pensar como tudo é tão efémero. Para onde irão os meus filhos pequeninos, gordinhos e sempre agarrados à Mãe? Daqui a uns tempos vão ser uns homens feitos, de barba rija e coração mole (espero eu!) Resta-me guardar, já com saudade, todas estas recordações felizes. As gargalhadas sinceras do Manel, o entusiasmo curioso do Sebastião, a ternura que me derrete do Zé Maria. São os meus filhos que me enchem a alma em cada dia. Aos 34 anos sinto que tenho tudo para ser feliz.
A.M.O.R. S.A.Ú.D.E. P.A.Z. S.O.R.T.E.
Toda a sorte do mundo. Posso não ter o que muitos têm, mas tenho tudo o que preciso. E isso, para mim, basta. Não peço mais nada. Apenas peço para nunca me faltar nada do que agora tenho. E o bom de ser sempre a última a fazer anos é o de poder juntar as resoluções para um verdadeiro "ano novo, vida nova". Não sou de pensar que em cada mês de Janeiro vou mudar o mundo. Tenho plena noção das minhas capacidades, mas também das minhas limitações. Não sou de ferro (apesar de saber que tenho filhos de ouro). Apenas prometo a mim mesma resoluções que sejam possíveis, e que não me causem uma enorme frustração se não as conseguir cumprir. Vou dar (ainda) mais de mim. Vou ajudar (ainda) mais o próximo. Vou ser melhor ouvinte. Vou saber parar. Vou ter tempo para aconchegar. Vou guardar umas horas para escrever. Vou tentar ler (mais). Vou fazer menos fretes. Vou agradecer (ainda) mais. Vou aproveitar cada momento como se fosse o último (ou o primeiro). Não podemos viver a pensar quando é que chega o fim de tarde, o fim-de-semana, ou mesmo as férias. Há momentos bons em todas as horas do dia. Um simples café com um quadrado de chocolate causa-me um enorme regozijo!  Vou dar (ainda) mais valor ao mote "Enjoy the little things", porque percebi que é aí mesmo que reside a felicidade. Nessas pequenas coisas, mundanas, que vivemos todos os dias e que tantas vezes nos passam ao lado. Vou dar (ainda) mais beijos, mais abraços, mais mãos, mais colo, mais mimo. Vou viver de coração aberto, como se o tempo fosse incerto.
Eu sei lá. Sei que é este o meu estado de alma, neste dia em que faço 34 anos (34, really?!) Sei que hoje sou estupidamente feliz.

1 comentário: