quarta-feira, 8 de junho de 2016

Rituais

Tanto se fala em rotinas, rotinas, rotinas. E sempre como se fosse uma bruxa má, algo a evitar, só porque é repetitivo, só porque faz mal à alma. Pois muito bem, eu adoro rotinas. Mas não lhes chamo pelo nome. Para mim, são rituais. Rituais sagrados sem os quais não consigo viver. E são tantos!
Tenho o ritual do sumo de laranja natural, do café de manhã com leite de aveia em chávena quente, e do pão de arroz com mel.
Tenho o ritual de encher os meus filhos de beijinhos, quando ainda estão meio ensonados.
Tenho o ritual de me atrasar a sair de casa. Mas não deixa de ser um ritual.
Tenho o ritual de nunca ter tempo para secar o cabelo.
Tenho o ritual de me apetecer escrever até os dedos me doerem. Sabe-se lá porquê!
Tenho o ritual da pausa.
Tenho o ritual do almoço em família, ainda que por vezes seja uma santa confusão.
Tenho o ritual de estar sempre a pensar na vida, nos meus ideais, nos 1001 projetos.
Tenho o ritual de ouvir a música aos gritos no carro, mas só quando é da boa. E quando estou sozinha.
Tenho o ritual de andar com o meu filho bebé sempre ao colo. E adoro.
Tenho o ritual de tentar fazer o bem pelos outros, ainda que por vezes o meu eu fique um pouco esquecido.
Tenho o ritual de respirar fundo.
Tenho o ritual de alongar.
Tenho o ritual de fazer figuras parvas e de dançar como uma galinha, mas só com os meus filhos.
Tenho o ritual de ser uma cabeça no ar.
Tenho o ritual de nunca sair de casa sem dar um beijo a quem lá fica.
Tenho o ritual de abraçar. Mas este aprendi a ter. Não nasceu comigo.
Tenho o ritual de dar o litro. E de saber parar também.
Tenho o ritual de perder 10 minutos do meu dia para mim e os meus cremes.
Tenho o ritual de me maquilhar (ou tentar) no carro.
Tenho o ritual de esbanjar toneladas da lata azul da Nivea, antes de me deitar.
Tenho o ritual de contar uma história aos meus filhos.
Tenho o ritual de os apertar, de os mordiscar, de os agarrar.
Tenho o ritual de ceder, de regar, de fazer crescer o meu casamento.
Tenho o ritual de fofocar com as minhas amigas, ainda que muitas vezes seja no whatsapp;
Tenho o ritual de amar o próximo.
Tenho o ritual de agradecer por tudo o que tanto fazem por mim.
Tenho o ritual de me sentir grata pela vida que tenho, ainda que nem sempre tenha tudo o que quero (e ainda bem).
Tenho o ritual de dar valor à saúde. À minha, e a de todos os outros meus.
Tenho o ritual de saborear cada momento. Cada manhã (ainda que por vezes seja caótica), cada pôr-do-sol, cada bocadinho bom.
Tenho o ritual de ser feliz, todos os dias.

Casaco Amores Perfeitos
Fotografia Brígida Brito

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