sexta-feira, 26 de julho de 2013

Love is enough

O dia 26 de Julho devia ser feriado cá em casa! O dia dos Avós é tão importante como o dia da criança, o dia da Mãe ou o dia do Pai. Até pode parecer cliché, porque dias assim deviam ser todos os dias. Mas eu gosto de fazer diferente em dias como este. Não falo em comprar presentes só porque é o dia dos Avós. Mas um desenho, um bolo, um beijinho extra, um programa diferente, só faz bem!Hoje é a festa dos Avós na escolinha do S., e até os bisavós foram convocados. O S. nem dormiu a pensar na festa que vai ser e na felicidade em ter os Avós no seu cantinho de todos os dias!
 
Cada vez mais os Avós têm um papel essencial na vida dos netos! Já falei sobre este tema aqui mas volto a dizer: lá em casa, se não fosse a Avó B. eu não poderia ter ido logo para o segundo filho. Os meus filhos estão muitas vezes doentes. Nada de grave, sempre as malditas ites, mas é o suficiente para nos estragar o ego, e desorganizar o dia e a semana. Se não fosse a Avó B. eu teria que estar sempre a faltar no escritório. É a Avó B. que vai buscar o S. à escola, todos os dias. É a Avó B. que lhes dá de almoçar, todos os dias. É a Avó B. que lhes lê histórias de encantar, todos os dias. É a Avó B. que os leva a passear, todos os dias. Eu vou trabalhar como se comigo os meus filhos fossem ficar. A Avó B. é a segunda Mãe dos meus filhos e à minha Mãe devo quase tudo aquilo que sou hoje e quase tudo naquilo em que os meus filhos se estão a tornar. É a minha âncora e sem ela nada disto seria possível (incluindo o blog, porque à noite já nem teria cabeça para escrever...) À minha Mãe mais uma vez hoje e aqui agradeço tudo o que faz pelos netos, as perrices que atura, a paciência que lhe perdura, o dar amor que nunca se esquece, e uma ternura que enternecesse.
 
O Avô J. é o avô que faz mais asneiras, que lhes leva guarda-chuvas de chocolate Regina cada vez que os vai visitar, o que faz caretas e bolinhas de chiclete para rebentar, e o que está ansioso para ao Dragão os levar - tal como fez com os filhos nas Antas. É o Avô J. que os leva a dar voltinhas de canoa, a ver as trutas que pescou, e os ensina a atirá-las de novo para o rio. É o Avô J. que lhes conta as histórias do ovo estrelado que estava a descer a Avenida da Boavista e que encontrou uma omelete e ficou muito admirado porque nunca tinha visto um ovo diferente. Ainda hoje me rio com essas histórias que tanto me divertiam quando era pequenina. É o Avô J. que quando os vai adormecer adormece primeiro. Tal e qual como foi comigo. Lembro-me de ser pequenina e de ter de chamar a minha Mãe porque o meu Pai tinha adormecido e estava a ressonar em voz alta em cima de mim e do meu irmão. Pode parecer pouco, mas são lembranças como esta que me enchem o coração. Com os meus filhos é igual. É o Avô maravilha, o sonho de qualquer neto, pois não sabe dizer que não!

A Avô I. e o Avô JJ. são aqueles avós que têm sempre guloseimas na dispensa, e que os enchem de chocolates às escondidas dos Pais. Quando o S. ouve falar destes Avós, lembra-se dos passeios de barco, das idas à praia, dos mergulhos na piscina, dos ovinhos kinder, do centro de mesa de Natal, (uma pista de ski iluminada e com música, que o S. diz que é o mais bonito que já viu), da sala dos comboios (uma maquete que o Pai deixou inacabada mas que espera com os filhos acabar), da viagem a Paris e à Eurodisney (que por muito tempo que passe o S. nunca há-de esquecer), do avião grande em que os Avós o levaram, e claro, da casa lá de cima, que tem peixinhos, e vassouras, e corta-relvas e tudo!

Eu tenho memórias muito boas de casa dos meus Avós. Ainda é cedo para falar dos Avós de que eu tanto gostava e que perdi este ano. Ainda no último dia dos Avós estavam cá os dois, o meu Avô já doente, mas a minha Avó fresca como a folha de uma alface. E num ano o que mudou... Mas lembro-me de ser pequenina e de os meus Avós me terem trazido de Paris uma cassete em VHS (nós só tínhamos BETA, se é que alguém se lembra disto...) dum musical chamado Menina da Lua, que devo ter visto pelo menos 5 milhões de vezes. Lembro-me de ser pequenina e de a minha Avó nos encher de perfume, a mim e aos meus primos todos, para ir lanchar com as amigas. Era um cheiro tão forte que ainda hoje o sinto, e tenho saudades. Lembro-me de ser pequenina e de a minha Avó nos fazer cafuné à vez. Cinco minutos para cada neto, e tanto nos deliciávamos com aqueles cinco minutos de mimo. Lembro-me das mãos da minha Avó, sempre pintadas, sempre cheias de anéis e pulseiras, que eu sempre achei que pesavam (engraçado, tal como eu ando hoje...). E lembro-me de olhar para o meu Avô e pensar que bom que seria se tivesse um Avô destes para sempre. Sempre ali, de boa cara, a contar piadas, à cabeceira da mesa, a pedir novidades, a comer devagar, a apreciar o vinho ou a cerveja preta sem álcool e a deliciar-se com as conversas da família que, mesmo não percebendo, se ria como se o fizesse. Lembro-me de quando me dizia nesse dia eu estava mais bonita, mais arranjada, mais alegre, mais divertida. Tinha sempre uma palavra agradável e uma mão afável. Ainda tenho aquela saudade que magoa. Por isso não consigo pensar muito bem no facto de tudo isso que tinha e de que tanto gostava ter desaparecido em menos de um ano.

A (Bis)Avó N. e a (Bis)Avó J. são as únicas bisavós dos miúdos, mas por este andar ainda vão ser trisavós. Têm mais pedalada do que eu, andam sempre para trás e para a frente e nunca são vistas como bisavós já quase nos seus oitentas. Para nós, são tanto Avós como as outras, confiava os meus filhos a qualquer uma delas. Adoram dizer disparates (uma mais do que outra!) e vibram com os bisnetos (tanto uma como a outra).

Depois há os Avós emprestados (e um Bisavô!), os que não são de sangue mas de coração. Adoram os meus filhos como se fossem netos de verdade. Ajudam no que podem e no que não podem, mas fazem parte da sua vida como se avós de verdade fossem. Os meus filhos não os distinguem como se avós a sério ou de brincar, porque foram adoptados como (bis)netos e seus (bis)netos para sempre o serão!

Tal como a famosa série, somos uma família muito moderna. Quando engravidei do S., tínhamos 6 bisavós e 6 avós. Já quando nasci, a minha trisavó ainda era viva!
Esta é a nossa família, e já me alonguei demasiado, mas este assunto é importante demais para o piu me ser cortado!
E os vossos Avós, como são? Independentemente de como são ou de onde estiverem, nunca se esqueçam que:

 
 

2 comentários:

  1. Amei o texto!!
    Só ca tenho os meus avós maternos e o meu avô está muito doente. Hoje fui visitá-lo e como sempre contou-me histórias engraçadas sobre tempos antigos e outras interessantes.
    É muito bom ter uma familia carinhosa, unida... Não há nada melhor. Love is enough. :-)

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  2. Obrigada pela sua história Xica Maria :) beijinho

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