sexta-feira, 4 de abril de 2014

Querido Avô

Faz hoje um ano que nos deixou, e eu continuo com saudades suas, querido Avô. E num ano, tanto que mudou! O Manel já corre pela casa, já diz piadas, mesmo em Manolês, e já dorme melhor, ainda que seja à vontade do freguês. É parecido com a Mãe, sua neta, e com o Avô, seu filho. É o nosso monstrinho das bolachas, vive o dia a pedir "papa". Adora carros, é louco por pinturas, anseia por desenhos animados e está sempre pronto para as suas diabruras. Ainda bem que é o filho mais novo, já que tem muito menos juízo que o mais velho! O (Se)Bastião já está um homenzinho ajuizado, perdeu os caracóis e ganhou um cabelo à tigela (cortado por mim!) Fala como um adulto e já ia perceber as anedotas e as  frases direitas, mas ditas tortas do (Bis)avô. Passa o dia a tomar conta do Manel e já lhe ralha, já lhe ensina, já o encaminha. Já se ia sentar à mesa com o Avô, bem à Portuguesa, e fazer-lhe companhia na sobremesa, de tão guloso que é. Dava tudo para que os Avós os vissem crescer...
O P. e a M. foram felizes a casar, numa festa de sonho, e num sítio que o Avô iria adorar (tanta falta que fez o seu discurso e a sua sensatez)... Os primos já estão todos a trabalhar, bem pertinho de nós (Lisboa é aqui ao lado). E as que não estão para lá caminham, a passos largos e seguros. Não tenho dúvidas do enorme orgulho que lhe iam dar (ou melhor, que lhe estão a dar). O E. arranjou uma namorada com quem o Avô iria gostar de conviver. O J. e o N. também continuam bem lançados, e muito bem amparados. E o Avô não está cá para ver...
A sua neta mais velha (a da pamcainha e não da campainha) continua apaixonada pela família e pela escrita, e agora escreve para o mundo, apesar de ainda só ser lida por meia dúzia de mundanos. Abriu um showroom, um sonho antigo, que tenho a certeza que o Avô iria apoiar. É mesmo ao lado da Igreja a que o Avô não gostava de faltar.
Faz hoje um ano que partiu, e apesar de já ter ido há mais tempo, deixou-nos um grande vazio. Onde estão as suas piadas secas, a sua cerveja preta, os seus óculos em cima da mesa? Onde está aquela voz tão querida, tão meiga, tão macia? Onde está o nosso Avô? Não sei bem onde, mas tenho a certeza que, lá onde chegou, a Avó encontrou. Estão os dois lá em cima, tranquilos e felizes, quais anjos da guarda dos seus filhos e netos aprendizes.
Vamos continuar a seguir o seu exemplo de vida. Porque, tal como nos ensinou, nada se consegue sem muito amor, muita dedicação, e  muito, muito trabalho. Até já, querido Avô.

1 comentário:

  1. que bonito francisca, como sempre...mas este é mesmo especial :) estou a ver que o vosso é igual ao nosso bastião, que é muitoooo travesso e come como ninguém!!

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