quinta-feira, 3 de abril de 2014

O primeiro dia da sua vida

Ontem foi o primeiro dia de escola do nosso Pote de Mel. Eu sei, eu sei, sou uma sortuda por ter conseguido esperar até aos dois anos e tal antes de os pôr na escolinha! Mas agora sinto que o M. está a precisar de mais rotina, mais disciplina, mais actividades, e mais amizades. E continuo a ser uma sortuda, porque sei que está muito bem entregue, porque naquela casa de bonecas é tratado com todo o amor e carinho, porque sei que lhe dão muito miminho. Sei tudo isso e muito mais.
Mas desde ontem que ando com aquela sensação de passarinho que levanta um bocadinho da sua asa que aconchega as crias, para estas começarem a voar sozinhas. Ai que dói. Ai que custa. O meu bebé já anda na escola. Só de pensar assusta. O seu primeiro voo sozinho. E agora o meu ninho ficou vazio!
Mal pus o pé fora da escolinha, invadiu-me uma sensação arrepiante de perda. Eu sei que é ridículo, mas o que é que eu posso fazer? Não mando nos meus sentimentos! Pensei logo...Meu Deus, o Manelzinho deve estar a pensar que o abandonei!! O que é que passa pela cabeça de um bebé de 2 anos que de repente se vê sozinho numa sala cheia de crianças, em que os adultos são completos E.T´s? O que é que será que ele vê? Que os Pais o deixaram? Sei que passou bem a manhã, apesar de com alguns soluços pelo meio e, de certeza, com o coração meio cheio.
Mal cheguei a casa à hora de almoço, deu-me um xi-coração e nunca mais me largou. E a minha cabeça quase caiu, e tanto pesou. Bem sei que é bom largá-lo, deixá-lo ir, mas este meu bebé podia ficar para sempre pequenino, podia ser sempre assim, tão meiguinho, podia não crescer, podia ser, para sempre, o meu bebé a valer.
A história do Benjamim, o primeiro conto infantil Maisena, espelha bem a ideia que tenho da escola. Pode-nos custar, até podemos pensar que estamos a errar, e que devemos os nossos filhos resguardar, o máximo de tempo possível. Mas não, não é aí que reside a razão, e neste caso vamos mesmo ter de libertar o coração.
Nesta sua escola vai aprender a falar, a escrevinhar, a partilhar, e até a dançar e a saltar. Vai aprender o que é a vida, quando vier com uma bochecha mordida. Vai saber que a redoma de casa da Avó, infelizmente, teve que acabar um dia. Vai aprender que a vida não é só festa e romaria.
Manelzinho, que seja muito feliz nesta nova fase da sua vida, que solte muitas gargalhadas, que ouça muitos contos de fadas, que saiba fazer amigos, comer sozinho, pedir para ir ao pote, desenhar um cachalote, pintar sem borratar, cantar sem desafinar e a subir para os escorregas sem empurrar. Que seja muito feliz nesta nova escolinha, que é como quem diz... que seja um bom aprendiz.
E, já agora, que tenha sido o primeiro dia da sua vida!
 
Nunca, nunca, nunca se esqueçam de repetir vezes sem conta aos vossos filhos!

 
 

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