É assim que me sinto, desde que (re)comecei a trabalhar. Acordo em modo Mãe/dona de casa, e ainda tenho pelo menos 2 horas pela frente antes de me tornar Mulher/trabalhadora. Este mix de feelings, este stress com horários, esta dupla obrigação, sem podermos desligar de nenhuma, são duros. Muito duros. Por vezes temos a impressão que não conseguimos fazer nada bem, e em que tudo corre ao contrário do que prevíamos. Duche de água fria, uma multa de estacionamento por dia, longo serão nas urgências... Outros dias há em que nos sentimos esplêndidas, ora porque as calças que já não vestíamos há um ano voltaram a servir, ora porque conseguimos sair de casa a horas, ora mesmo porque não houve birras, nem choros, nem trânsito, sem socorros.
Esta vida dupla dá cabo de mim. Nesta primeira fase, os dias parecem não ter fim. As noites...essas...mais vale não falar. Porque as noites mal dormidas já fazem parte das minhas rotinas. Mas quando chego a casa, tudo parece que compensa. Um bebé de se comer, redondo, redondinho e muito risonho, que já me faz uma festa daquelas quando ouve a minha voz. Dois miúdos de sonho, com os feitios à maneira de cada um, mas meiguinhos com a Mãe como mais nenhum. Uma família (im)perfeitamente perfeita que me faz feliz, que me completa.
Muitas são as vezes em que ouço:
- "O ZM tem 3 meses e já estás a trabalhar?? Coitada...não sei como aguentas..."
- "Ai se fosse eu não conseguia..."
Pois mas as pessoas nem sempre podem escolher. Com os meus dois outros filhos também foi assim. Também tive de deixar logo parte de mim. E sabem uma coisa? Cresceram saudáveis, cheios de amor, mimo, bolachas-maria coladas com manteiga e chá com mel. Com uma Avó que também sabe educar, ralhar, ser exigente, mas sobretudo, sabe dar colo quando é preciso, mesmo enchendo-os de juízo. Se me custa deixá-los tão pequenos? É claro que custa! Custa tanto que até dói... Mas o truque é não pensar, e gozar todos os minutos, em vez de me estar sempre a queixar. Porque cada segundo conta. Seja no carro, na hora do banho, na rotina dos jantares ou até ao deitar. Lá em casa não há tempo desperdiçado. Tudo é aproveitado. E da melhor forma possível.
Porque felizes não são aqueles que têm tudo, mas sim aqueles que sabem dar valor a tudo o que têm...e eu tenho tanto! Tanto!
Do meu filho mais velho também comecei a trabalhar quando ele tinha 3 meses e custou-me imenso, mas não tive alternativa e a coisa correu bem... Só tive pena porque não consegui conciliar a amamentação, do segundo, fiquei um ano com ele em casa (porque não me renovaram o contrato quando entrei de baixa por gravidez de alto risco) e tirei o melhor partido disso. Agora, estou grávida de 30 semanas, e ainda não sei como será a minha licença... mas adorava poder ficar vários meses em casa com a minha princesa, mas não sei se será possível... Como dizes, as coisas nem sempre acontecem como desejávamos e há que sorrir e seguir em frente!
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