quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Feitos de borracha

Não é novidade nenhuma que os terceiros filhos são sempre uns cristos. Mas o ZM é mesmo feito de borracha. O Manel tira-lhe as chupetas todas, de tal maneira que quando preciso já sei onde vou buscar: na cama no Pote de Mel vou todas encontrar. Os manos enchem-no de beijinhos lambuzados e abracinhos apertados, mas o que mais me enche o coração é ter a certeza que já se amam de paixão. É certo que temos de ter cuidado e não deixar o bebé de borracha sozinho com os manos, mas eu confesso que com o Sebastião, agora com 5 anos e meio, já facilito. Sei que pode não saber ainda pegar ao colo, mas tem a responsabilidade de tomar conta do ZM quando está no berço. Se o bebé chorar, o Titão vai-me chamar. Com o Manel já tenho de ter mais cuidado, mas este miúdo também não é feito de vidro. É um autêntico boneco de plástico. Ainda ontem apanhámos um enorme susto, quando eu estava a dar de mamar ao Zé Maria no jardim. O Manel empoleirou-se nas minhas costas, e sem eu ter dado por isso caiu desamparado para trás, e foi bater com a cabeça no tronco de uma árvore que tinha acabado de ser cortada. Resultado: muito sangue, um grande susto, mas um miúdo espectacular que nem uma lágrima derramou. Nem sequer quando o enfermeiro lhe estava a coser a cabeça. É claro que todos nós achamos que os nossos filhos são especiais, mas os próprios médicos e enfermeiros estavam admirados com a pacatez e a coragem deste nosso herói. Que orgulho! Que orgulho tão grande meu querido. A Mãe chorou muito mais, nem se fala!
Três rapazes é assim: a toda a hora temos cabeças rachadas, braços e pernas partidos...já devia saber o que me ia acontecer! Mas uma Mãe nunca está preparada para ver os filhos sofrer, ainda que se portem à altura.
Há quem diga que os primeiros filhos são de vidro, os segundos de plástico e os terceiros de borracha. Para mim, são os três de vidro, o meu maior tesouro. Mas na realidade acabam por ser todos de borracha. Muito mais do que imaginamos! Resistentes, corajosos, resilientes. E depois com um espírito de entreajuda, cumplicidade e telepatia únicos! Se um se magoa lá estão os outros para o que for preciso! Nem que seja para lhe meter mais juízo... E que sejam sempre assim, meus amores, meus adorados rapazes da vida airada! É oficial: sou mesmo uma Mãe afortunada.





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