quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Happy

A Felicidade é um estado de espírito. Não é só sorte, nem dinheiro, nem viagens, nem beleza, nem até realeza. A Felicidade depende de cada um. Há reis e rainhas, modelos e artistas e até aventureiros infelizes. Porque o que interessa é o que está cá dentro. É claro que, apesar de o dinheiro não trazer  felicidade, ajuda, mas é verdade também que o dinheiro não é tudo o que precisamos para sermos felizes. E hoje em dia estamos todos a aprender a ser felizes com menos. Com um simples passeio junto ao mar, com uma tarde de sol, com um pequeno-almoço na cama, com um dia a fazer de turista na nossa própria cidade, com um pic-nic no parque. Tudo isto são momentos que nos trazem felicidade. E não é preciso sermos todos bonitos, esbeltos e ricos para o fazermos.
Já pararam para pensar no que vos traz felicidade, todos os dias? Eu já: as gargalhadas dos meus filhos, a entre-ajuda entre os manos, o simples sentar no sofá depois de um longo dia de trabalho, o cheirinho a café  logo pela manhã, os beijinhos lambuzados dos miúdos antes de os deixar, o ver o rio antes de ir trabalhar, os almoços caseirinhos na minha Mãe...e isto é só à semana! É claro que muitas vezes chego às 9h00 da manhã já cansada, a queixar-me disto ou daquilo, porque um fez uma birra para vestir, outro para acordar, etc e tal. E isso traz-me, de certa forma, alguma infelicidade. 
Mas hoje vou-vos contar uma história de uma rapariga de carne e osso que tem sido a minha heroína todas as manhãs. Não sei o seu nome, nem a sua idade, nem o que faz. Sei apenas que quando saio de casa, deparo-me sempre com a rapariga xis, que teve duas gravidezes ao mesmo tempo que as minhas (talvez por isso tenha logo reparado nela). Via-a todos os dias a pé quando estava grávida do S., e depois também a vi de novo grávida, sempre de carrinho nas mãos, durante a minha gravidez do M. Sempre ágil, sempre corajosa e sempre bem-disposta. Faça chuva ou faça sol, lá ia a tal rapariga xis, sempre com os miúdos às costas, a deixá-los na escolinha ao pé de nossa casa. Não tem carro, nem capa transparente no carrinho, e também não tem mãos para andar de guarda-chuva. Mas nem por isso perde o ar de senhora do seu nariz e mulher de armas, como se a chuva não a molhasse, e o vento não a afectasse. Nem a si, nem às suas crias.
Durante uns tempos não a vi. Achei que talvez os miúdos tivessem mudado de escola. Mas eis que hoje a voltei a ver mais sorridente do que nunca, ainda que com toda esta tempestade que tem assolado o país. E, para minha grande surpresa, para além do miúdo mais velho da idade do S. pela mão, e do miúdo mais novo da idade do M. no carrinho, eis que a vi com um bebé gordinho e todo cor-de-rosa dentro de um canguru. Por isso esta rapariga xis não tem mãos para mais nada, nem costas, nem agilidade, nem capacidade. Mesmo assim, nem a ventania, nem a chuva, nem a falta de ajuda demove esta rapariga, que é o meu exemplo. Tenho a certeza que, lá bem dentro do seu ser,  a rapariga xis sabe que tem tudo para ser feliz, apesar de todos os obstáculos com que se depara no seu dia-a-dia. E isso, topa-se mesmo por quem não a conhece.  Cada dia que passo por ela de carro, apetece-me parar e oferecer boleia. Não sei como irá ser a sua reacção. Mas um dia vou ganhar coragem.
São pessoas como esta que, de certeza, inspiraram o Pharrell Williams nesta música que me arrepia todos os dias, e me faz acreditar que vivo num mundo melhor. A primeira vez que a ouvi foi no filme de casamento do meu irmão e cunhada, e achei que era a música perfeita para a banda sonora de um dos dias mais felizes das nossas vidas. Desde aí, nunca mais consegui parar de a ouvir. Espreitem e deixem-se contagiar pela felicidade. Porque a Felicidade é, afinal, um estado de espírito.


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