quarta-feira, 7 de maio de 2014

A História do Pintainho Rosmaninho

Era uma vez um ovo de Pintainho. O ovo foi posto numa grande quinta, cheia de galinhas, patos, gansos e perdizes. Todos andavam por lá, muito felizes. Todos punham ovos no galinheiro, todos queriam ser donos do seu poleiro.
Um belo dia, enquanto a Galinha Listrada foi lá fora depenicar e as asas esticar, a Pata Choca que por lá chocava, enganou-se, e apoderou-se de um ovo que não era seu. A verdade é que ninguém deu por nada, e a pata choca lá chocava, chocava... A galinha entretanto voltou e, sem sequer pensar, outro ovo chocou.
Passados alguns dias, a Pata Choca começa a ouvir o seu ovo fazer "crac", "crac", e logo, logo para lá espreitou. Quando viu o seu filhote nascer, ficou muito admirada. Não era um patinho, não senhora, era o filho da Galinha Listrada! Mas logo por ele se apaixonou, e nunca mais o largou. Deu-lhe o nome de Pintainho Rosmaninho, e pô-lo logo no seu ninho, como se fosse um verdadeiro patinho.
O Pintainho Rosmaninho reparou que era diferente, mas lá no fundo sabia que era igual a um qualquer patinho. E assim passou os seus primeiros dias de vida, debaixo da asa da sua Mãe querida, a Pata Choca.
Até que um dia, a Pata Choca achou que já era tempo de pôr os seus filhos a nadar. "Quack, quack, quack" lá foram eles, sem hesitar. Quando chegou a vez do Pintainho Rosmaninho, este começou logo a fazer beicinho.
- Mas...eu não sei nadar - diz devagarinho.
- Não te preocupes, Rosmaninho, a Mãe vai arranjar uma solução, com todo o carinho.
A Pata Choca, muito preocupada por assim de repente não se conseguir lembrar, pôs-se a olhar para o céu, a pensar numa solução para o seu Pintainho nadar...e depois de olhar, pensar, olhar, passou por ela um pedaço de esferovite velha que andava pelo ar.
- Umas bóias, é isso mesmo! - exclamou a Pata Choca.
O Pintainho, todo contente com o seu presente, atirou-se sem medo para a água, e depois de sofregamente a engolir, lá conseguiu à tona vir, começando a nadar para junto dos seus manos patinhos, sempre a sorrir.
A Mãe Pata, muito orgulhosa, até chorou de felicidade, ao olhar para as suas crias, cheias de vivacidade. Logo para o seu lago chapinou, e para junto dos seus patinhos nadou.
No outro dia, um Velho Galo que por lá andava a rondar, com a Pata Choca começou a tagarelar. O Velho Galo andava muito aflito, pois não tinha ninguém com quem cantar de madrugada, nem tinha ninguém com quem se aquecer, ao anoitecer e na fria alvorada. O problema é que o Velho Galo achava que já era muito velho, e que para além disso, a uma família de Patos não se podia juntar...até que viu o Pintainho Rosmaninho, muito quentinho no seu ninho, a dar bicadas aos seus irmãos de brincar, mesmo não sendo filho de sangue (ou melhor, de casca!). E assim, o Velho Galo, teve uma ideia brilhante.
No dia seguinte, a sua voz bem cedo preparou, e com a sua bela serenata, a Pata Choca encantou. Pediu-a em casamento, estendeu as asas aos seus rebentos, e assim formaram uma bela família cheia de penas e de cor, mas acima de tudo com muito, muito amor.

Ilustração by Francisco Ortigão


Lema da história: Não interessa se não somos filhos ou irmãos de sangue, o que interessa é que o sejamos de coração, com todo o amor e dedicação. Assim, será bem mais fácil a adaptação!


2 comentários:

  1. que lindo Francisca! Adorei! vou contá-lo ao meu António! um beijinho

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  2. E porque já não tenho a minha cá, acho lindo a sua delicada descrição...

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