terça-feira, 9 de abril de 2013

Saudades

 
Saudades do Avô L., que partiu sem avisar, sem uma carta de despedida, sem uma palavra de adeus.
O Avô L. só me deixou boas recordações, recordações de apego, de afeição, de ternura, de respeito, de rectidão, de honestidade, de lealdade, e de AMOR de verdade.
Tive uma infância mais que feliz, e parte dela foi marcada pelas vivências em casa dos meus Avós.
Lembro-me de ser muito pequenina, e de o Avô L. me pegar ao colo, para tocar à pamcainha (como eu tantas vezes dizia).
Lembro-me do ar orgulhoso do Avô L. sempre que me mostrava o seu jardim, as ameixas, os morangos, os diospiros, os lírios em flor e até o jasmim...
Lembro-me do ar satisfeito do Avô L., sempre que lia o jornal do dia e fazia as suas sestas na poltrona que tanto gostava.
Lembro-me do ar malandro do Avô L., quando nos brindava com as suas piadas, tão suas, tão suas...
Lembro-me do ar sincero do Avô, quando se fartava de elogiar a mulher, os filhos, os netos e os bisnetos, mesmo nos nossos piores dias...
Lembro-me do ar apaixonado do Avô L., cada vez que olhava para a Avó B. e do amor infinito e incondicional que sentia pela mulher.
Lembro-me do ar embevecido do Avô L. cada vez que falava da sua família.
Lembro-me do ar meigo do Avô L. sempre que reinava a confusão à mesa, quando ninguém discutia mas todos falavam ao mesmo tempo, e o Avô L. sempre com aquele ar ternurento.
Lembro-me do ar emocionado do Avô L., cada vez que falava da sua infância, dos seus Pais e dos seus irmãos.
Lembro-me do ar feliz do Avô L. quando fez um discurso arrepiante no dia do meu casamento.
Lembro-me do ar enternecido do Avô L. quando pegou pela primeira vez nos meus filhos ao colo.
Lembro-me do ar contente do Avô L. sempre que me via, e dos beijinhos infindáveis que me dava, já doente...
Os Avós são o nosso exemplo de vida, o nosso casal modelo, a nossa estrela guia...
A cicatriz ainda mal fechou, a dor ainda nem passou, e a saudade...essa, há muito que nos assombrou...
Não houve despedida, não houve sequer um Adeus...o Avô L. e a Avó B. reencontraram-se agora numa outra vida, mas ficarão sempre junto dos seus.
 

Lindos, como sempre



Resta-nos lembrar aquilo que nos ensinou Saint-Exupéry:
"Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos"


 

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