quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Children See, Children Do

Levante o dedo quem nunca errou à frente dos filhos. De certeza que não vai haver muitos dedos no ar. Eu já errei. Já levantei a voz à frente dos miúdos, já disse um ou outro palavrão (pequenino) quando eles me estavam a ouvir. E não houve uma vez que não me arrependesse. E sabem porquê? Porque os nossos filhos são o nosso espelho, a nossa identidade. Se somos nervosos, nervosos eles se tornarão. Se somos ansiosos, mais cedo ou mais tarde também essa característica neles se irá manifestar. Mas se andamos alegres, felizes e contentes, os nossos filhos também o serão.
Quando os meus avós morreram, e apesar de eu tentar, a todo o custo, disfarçar, os meus filhos viram-me a chorar, viram-me mais triste e cabisbaixa. Isso foi logo uma óptima desculpa para o S. se sentir inseguro. Não queria ir para a escola, não queria emprestar brinquedos ao mano bebé, não queria ir para a cama sozinho...
É claro que não podemos andar sempre eufóricos de felizes. Há alturas menos boas na nossa vida, e um miúdo de 4 anos já pode aprender isso. Já consegue absorver o porquê de, a determinada altura, andarmos mais tristes. O que não é bom é demonstrarmos constantemente atitudes penosas para os nossos filhos. Um grito aqui, um suspiro alto acolá, uma queixa lamentável ali.
Se queremos que os nossos filhos se transformem em pessoas boas, sãs, felizes, altruístas e corajosas, temos de lhes mostrar o caminho. Temos de ser o seu exemplo. Temos de ser os seus olhos, a sua boca, as suas mãos, até eles aprenderem a andar sozinhos nos trilhos da vida. Temos de saber distinguir quando é que podemos deitar cá para fora algumas frustrações/arrependimentos/mássensações (palavra nova). Temos de saber que as temos, e aprender a ter umas sombras atrás de nós que agora, ou mais tarde, farão exactamente o mesmo daquilo que hoje estamos a fazer. O bom e o mau. E não se esqueçam que é sempre mais fácil lembrar o mau e esquecer o bom, como em tudo na vida. Por isso, temos que pesar as nossas atitudes à frente dos nossos filhos, e ter as boas bem mais pesadas do que as más.
Muitas vezes tenho de respirar fundo antes que me saia uma atitude menos boa. Respiro. E respiro. E respiro...e depois já passou. "Ainda bem que não o disse": vem-me logo à memória. Não tem importância nenhuma. Cinco minutos passados e...já nem me lembro o que foi!
 
 
 
Ontem tivemos lá em casa um claro exemplo disto que vos trago hoje. O S. trouxe para casa o livro da escolinha. No meio da criançada toda, lá estava o meu Ticos, que parece que nasceu ontem mas já tem palavreado de pré-adolescente! Mas só palavreado, porque quando vi o que ele respondeu à pergunta "O que é que queres ser quando fores grande?", caiu-me tudo. Se me perguntassem o que é que ele responderia, eu diria que o S. queria ser o homem das motas, ou o das construções, como ele tantas vezes diz. Mas não, nada disso, o que estava lá bem escrito, a letras negras é que, quando crescer, o S. quer ser IGUAL À AVÓ. Ora bem, isto é de uma ternura tal que arrepia qualquer um. É óbvio que um miúdo que ainda nem fez 4 anos não é obrigado a associar essa pergunta às profissões. Tenho a certeza que, quando o S. respondeu, estava a pensar na pessoa que a Avó é, e no que significa para ele. A Avó transmite-lhe calma, segurança, mimo, conforto e amor. E é nisso que o S. se quer tornar quando for grande. Numa pessoa calma, segura, amável e amada.
E eu só tenho a agradecer a esta Avó por estar a ajudar a educar os meus filhos da melhor maneira possível. Porque uma criança não mente. E sente. Lá isso é que sente!
 
Esta semana estou numa mood de filmes, mas digam-me só se eu não tenho razão, depois de assistirem a este vídeo impressionante, chocante e cruel (pensei duas vezes antes de o publicar, confesso...), mas tão verdadeiro, que retrata na perfeição aquilo que vos disse (elevado ao cubo, claro):







1 comentário:

  1. Mais um post fantástico!
    Concordo com tudo! Tudo! É mesmo isso. É pena que muitos pais não se apercebam disso e que não saibam desempenhar o seu papel. Mas... isn't it what parenting is all about?? Crianças seguras serão adultos seguros e parte de nós, pais, é o melhor legado que lhes podemos dar.

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