quinta-feira, 10 de abril de 2014

Manos para a Vida

Hoje de manhã ouvi na rádio que é dia dos Irmãos.
Tenho um irmão mais novo, mas apesar de só fazermos 2 anos de diferença, sempre agi como se fosse Mãe dele...às vezes demais! Chatas à parte, a verdade é que (quase) sempre nos demos às mil maravilhas. Eu nunca gostei de barbies, nem de sereias encantadas, nem de nada  que fosse muito cor-de-rosa brilhante, por isso sempre brincámos juntos aos playmobils, aos legos e, quanto muito, às casinhas dos ursinhos (não sei se a minha geração se lembra de uma colecção de animais de todas as formas e feitios, de tarar, que tinham uma cidade inteira de construções para colecionar). Quando  deixei de ser criança, e porque os rapazes são sempre mais infantis, entrámos numa fase em que chocávamos um pouco. Eu não lhe ligava puto e o Pipas ficava fulo. Mas ambos crescemos e amadurecemos juntos, apesar de termos grupos de amigos diferentes. Ultrapassámos juntos o divórcio dos nossos Pais, apesar de cada um à sua maneira. Seguimos juntos as nossas vidas profissionais, apesar de termos optado por caminhos diferentes. Casámos e constituímos família juntos, apesar de com 6 anos de diferença. Mas estivemos sempre juntos, mesmo quando eu vivi em Turim, mesmo quando o Pipas viveu em Roma, ou em Oxford. Temos as nossas divergências, eu dou-lhe muitos raspanetes, somos muitos diferentes, mas estivemos sempre juntos. O Pipas é padrinho do S., a minha cunhada é madrinha do M. E diz-me a sorte e o destino que o meu Mano não podia ter escolhido melhor Mulher para a vida. O meu Irmão é um apaixonado pelos meus filhos, como nunca vi ou ouvi falar. É o melhor tio do mundo, e vive para os agradar. O M. disse primeiro o nome do tio do que da Mãe, e isso já diz tudo. Está há meses a pedir-me para levar o Sebastião ao Dragão, e a chata desta Mãe ainda não conseguiu deixar. Mas não há-de faltar muito...
Nunca mais me esqueço de uma vez, quando estávamos a jogar à "cabra cega", lhe perguntar quantos anos tinha para lhe dar o número de voltas em anos de vida. O Pipas, muito contente, e com um lenço a tapar os olhos, disse-me que tinha 7 anos (apesar de só ter 5, mas gostava de dar voltas). Pois muito bem, esta mana mais velha, feita mazinha, resolveu dar-lhe o dobro de voltas que me tinha dito. Catorze, foi o número de vezes que rodopiei o meu irmão. Coitadinho. Mal o larguei deu dois passos como quem está com os copos e foi logo bater com a cabeça na chave saída  do armário. Pela décima vez na vida, estava a rachar a cabeça e a culpa ali não morreu solteira!
- Mãeeeeeeeeeee.....o Pipas rachou a cabeça!
- Outra vez....Nãooooooo - disse a Mãe já desesperada com tanta cabeça rachada.
 Obrigada, querido mano, por gostares tanto dos meus filhos, e por me aturares há quase 30 anos, mesmo com todas estas partidas que te preguei na vida.
 

 
 
Lá em casa os Manos também são inseparáveis. Quando o Manel acorda, a primeira coisa que pergunta é onde está o Tão. Quando o S. está na escola, o M. fica mais triste que a noite, e passa a manhã a perguntar quando é que o Mano chega. O S. está sempre a querer saber se o Mano o vem buscar à escola, para mostrar aos amigos a maravilha que tem em casa. Se vissem o abraço dos dois, todos os dias em que o Sebastião chega da escola, é de arrepiar qualquer um. Quando decidi que queria dois filhos mais ou menos seguidos, era precisamente para ambos se sentirem amparados, terem um companheiro para a vida, um amigo a toda a hora, um apoio, um ombro, um porto de abrigo e um tesouro. E então quando soube que ia ter outro rapaz, tive a certeza que o meu sonho se iria concretizar. É claro que muitas são as vezes que se pegam. São invejosos com os brinquedos, e por serem muito diferentes de feitio, andam N vezes à estalada. Tudo o que o S. constrói, o M. destrói. Tudo o que o S. pinta, o M. (des)pinta. Tudo o que o S. quer, o M. vai atrás. Mas depois são cúmplices, tão cúmplices que já têm a própria linguagem que nem eu, nem o Pai, nem mesmo a Avó percebemos. São tantas as vezes que tenho de recorrer ao meu tradutor oficial para perceber o Manolês que lá vai em casa! E quando eles trocam dois ou três monossílabos e caem no chão perdidos de riso? É de deixar o coração de qualquer Mãe a explodir de amor e de alegria. Ainda no outro dia, o S, estava aos berros no meio do chão, fui a correr, pois pensei logo que teria sido uma mordidela ferida, ou uma estalada perdida. Pois muito bem, quando chegou ao quarto, deparei-me com um ataque de beijinhos que o M. teve, e que apesar de ser mais novo e muito mais pequeno, conseguia estar em cima do S., e não conseguia largar o Mano com tantas lambuzadelas. Foi de rir.
 

Amigos desde o primeiro dia!

 
Por isso, Maisenas, hoje vamos dar valor e dar graças por termos Irmãos, boa Maisenas? Contem-me uma história gira/episódio inesquecível com os vossos!

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