sexta-feira, 6 de junho de 2014

Botão Off

Muitas vezes nem nos apercebemos, mas com a correria do dia-a-dia, o stress e o cansaço, quem paga não somos nós, mas quem está ao nosso lado. No meu caso é a Família que acaba por ser prejudicada quando ando mais nervosa e ansiosa. Não propriamente pela falta de tempo, porque isso, melhor ou pior, arranja-se sempre. É mais pela falta de paciência que muitas vezes me vem visitar, ou pela mosca tsé-tsé que tanto gosta de me picar.
Muitas são as vezes em que adormeço primeiro do que os meus filhos, quando estou precisamente a embalá-los. Outras são a vezes em que não consigo ler o seu conto preferido até ao fim, ou mesmo já não tenho aquela imaginação tão fértil para recitar os contos que há em mim. E mesmo depois, quando me estendo ao comprido no sofá, para estarmos a dois, acabamos, um ou outro, por ser vencidos pelas almofadas, mantas e mais mantas, e nem sequer conseguimos ver uma série inteira até ao fim. É claro que, felizmente, tal não acontece todos os dias mas, acaba por ser muito mais vezes do que aquelas que gostaríamos ou que alguma vez imaginei.
Para mim, esta altura do ano é a pior. Sinto que estou urgentemente a precisar de férias e de sair da rotina casa-escola-escritório-casa-escola-escritório. Ainda por cima este ano está tudo a ser tão mais difícil! É certo que foi um ano muito cansativo em termos de disponibilidade física e mental, elasticidade de horários, poder de encaixe, etc e tal. Mas o tempo também não ajuda! O Sol é, sem dúvida a química da felicidade. É o aditivo que todos precisamos para sermos o alto astral em pessoa, com uma boa dose de idoneidade. Sem sol, tudo parece mais cinzento e pessimista. Tudo se torna realista. E muitas vezes é bom sonhar, ainda que acordado.
Por isso, Maisenas, nos próximos dias vou tirar férias de tudo, menos da Família. Vou premir o meu botão Off, e vou aproveitar os meus filhos que crescem depressa e o meu marido que vem comigo nessa. Mesmo que o sol não vá aparecer, vou descansar o corpo e a mente até doer. Vou jogar à macaca, saltar à corda, fazer torres inatingíveis de legos e cubos de madeira, construções megalómanas na areia. Vou comer camarões e ameijoas até não mais poder. Vou andar descalça o máximo que souber. Vou passear com os meus filhos às cavalitas. Vou fazer-lhes cócegas até não conseguirem mais parar de rir. Vou arejar. Vou parar por uns dias de trabalhar, de escrever, de escrevinhar. Vou aproveitar. A Vida, a Família, a Saúde e a Sorte que tenho. Vou livrar-me do cansaço, este nome que me devia ser estranho.
Um feliz até já, Maisenas!
 
Porque às vezes é mesmo preciso desligar!
 
 

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