segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Querida Mãe, comecei a falar!

Este fim-de-semana, em que andamos mais por casa e na ronha, descobri que afinal o Pote de Mel fala mais do que assobia. Com os seus códigos, é certo, à sua moda e mania, mas...já tem o Manolês todo estudado e muito bem entoado.
Até agora, daquele miúdo olhos de azeitona só eram proferidas palavras como #Kikas# (Mickey) e #Kikis# (Leitinho), que só nós sabemos o que é. Ou #Pama# (Cama), #Ágora# (Abra), #Ôé# (Vó Bé), tudo parece chinês para quem não o conhece. Mas sempre se perdeu por uma boa conversa ao telefone, em que o seu Manolês impera. Às vezes finjo que percebo, aquelas frases em atropelo...mas confesso que me dá uma vontade enorme de rir, quando peço para repetir. Porque o Sr. Pote de Mel, com a sua conversa fiada, sempre falou como um gentleman, apesar de não se perceber nada. Achava eu... porque ontem, este miúdo fez-me uma valente surpresa. A meio da tarde, foi pegar num livro e pediu-me para contar a #Istóia#. Qual não foi o meu espanto quando o mini Manel sabia os nomes de todos os animais, de cor e salteado. Sabia o vocabulário todo da praia (ainda que à sua maneira), e ainda recitou os legumes da horta. Como é que é possível eu não saber isto? Eu, a Mãe, que é suposto saber tudo acerca dos filhos? Sei que a Avó lê muito com o neto, mas...não estava à espera de tanto. De repente,  o Manel começou a falar a sério, e esta Mãe nem sequer estava a contar com este mistério. Afinal estava tudo lá, naquela cabecinha pensadora, e agora foi tudo disparado, em modo metralhadora. Porque o Manel nunca disse au-au, nem miau... Já diz cão e gato como uma pinta que nem vos conto. As palavras típicas dos bebés de um ano nem chegaram a sair daquela boca grande e recortada, passou do 8 para o 80 sem darmos por nada. É oficial, estou assustada, o meu filho cresceu e eu nem desconfiava.
É nestas alturas que penso que estou a perder os melhores momentos dos meus filhos. Um dia, quando chegar a casa, já andam na faculdade, e por aí na noitada. Fico com um peso na consciência que quase não consigo aguentar. Mas, se pensar bem e com cabeça agarrada ao coração, a vida é mesmo assim, há-que festejar os momentos em que estamos presentes, em vez de lamentar os que continuamos ausentes. Tenho, ou não tenho razão? Um tchim-tchim com champagne e bolhinhas a todas as Mães que vivem assim!
 

Era bom que pudéssemos dizer tal coisa aos nossos filhos, não era?

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